Encontrei este texto há pouco, escrito em abril de 2004, sobre a minha viagem ao Marrocos entre 1999 e 2000. Não cheguei a terminá-lo. É um pouco antigo mas ainda mexe com as minhas lembranças e sensações, especialmente depois deste meu último final de semana. Elas continuam vivas como nunca...
Voilà le texte!
"Passei duas semanas no Marrocos, entre dezembro de 1999 e janeiro de 2000, e trouxe daquele país as mais belas lembranças que uma viagem jamais poderia ter me
proporcionado. Iniciei pelo sul da Espanha. Estava em Sevilla, na luminosa região da Andaluzia, e lá pensei: por que não?, já que aquele país do norte da África fazia parte de meus sonhos havia muitos anos. De Algeciras, tomei o ferry-boat até o porto de Tangier, uma das principais entradas para o Marrocos. Era época do Ramadã e muitos marroquinos residentes na Europa iriam passar a data com a família. São apenas 14 quilômetros de uma costa a outra, pelo estreito de Gibraltar, mas o mar revolto empurrou a curta viagem para algumas horas a mais. Meus planos eram o de chegar a Tangier e tomar um ônibus diretamente a Fès, mas como já era noite, mudei de idéia. O problema é que, desprevenida, não me dei conta que havia uma agência de câmbio dentro do navio. Quando desci em Tangier, não havia mais nenhum local aberto para trocar as pesetas espanholas pelos dirhams marroquinos para poder telefonar
aos meus amigos marroquinos nem tampouco havia reservado um quarto de hotel para mim. Um francês que viu a minha situação e com quem eu tinha batido papo no barco
- aquela era a 12ª vez que ele viajava ao Marrocos -, me emprestou uns dirhams para eu poder telefonar, pelo menos, para o serviço de informações turísticas.No local, encontrei um marroquino que dizia conhecer um hotel barato, de um amigo. Como desconfiança é regra número um para uma mulher que viaja sozinha, principalmente em países árabes, fiquei com um pé na frente e outro atrás. Fiz cara de brava, mas segui o rapaz. Era, realmente, um bom hotel, limpo e charmoso. Ali havia vivido o escritor americano Paul Bowles, autor de "O Sol Que Nos Protege", que mais tarde Bernardo Bertolucci levaria para as telas. Saí sozinha à noite para poder telefonar aos amigos de Fès e explicar que seguiria no dia seguinte. No caminho, ouvi palavras
em árabe direcionadas a mim mas que até hoje não fiz questão de saber o que significavam. De manhã, tomei café com croissants, herança dos anos que a França dominou o Marrocos, e, pronta para seguir para Fès, pedi ao taxista que me
levasse até a rodoviária. No trajeto, observei a beleza da cidade, com o mar reluzente à frente. Como o mercado informal é o forte em quase todas as cidades
marroquinas, uma turista (mulher) pode ser um alvo fácil para qualquer um. Vários homens me abordaram para eu viajar com aquela ou a outra companhia, mas acabei optando por comprar minha passagem no guiché. Embarquei e horas depois fui
recebida por Hamid, meu contato em Fès. Era final de dezembro e passei a virada de ano em um lar marroquino, acompanhando todos os rituais do Ramadã, período em que os
muçulmanos fazem jejum do nascer ao pôr-do-sol. Por ser ocidental, meus amigos me deixaram muito à vontade e pela manhã traziam gentilmente um copo de leite e um
croissant.Numa casa marroquina, e mais tarde, fui perceber que em outras casas árabes acontece o mesmo, o visitante é um membro da família. É preciso, no entanto, deixar os preconceitos de lado e mergulhar na cultura riquíssima do local.De Fès parti para Marrakesch, a cidade vermelha, dos mercados livres, dos cheiros dos temperos..."
quarta-feira, 25 de julho de 2007
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